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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

CADEIA, IGREJA E CEMITÉRIO

  PRIMEIROS RELATOS DA CADEIA, IGREJA E DO CEMITÉRIO  

Por: Aires Humberto Freitas


CADEIA

 Onaldo Campos, cita, no seu livro Rio Verde Histórico, página 98: “Antes de construírem prédio próprio para a cadeia, esta funcionava num prédio antigo, que ficava na esquina da Praça da Matriz com a atual rua Martins Borges. Fôra este prédio de Ladislau Borges Campos, de quem a Intendência comprou. Servia também para o Paço Municipal. Mais tarde, quando a cadeia mudou-se, passou a ser o mercado”.  

A cadeia foi construída por volta de 1885, de pau-a-pique; em 1899 reconstruída, igualmente assistindo o Paço Municipal.

IGREJA


O lugarejo necessitava, e na parte alta, a primeira Igreja dedicada a Nossa Senhora das Dores foi construída, de forma rudimentar: pau-a-pique e coberta de palha. Passados vinte anos, em 15 de abril de 1865, a Assembleia Popular se reuniu afim de decidir sobre a edificação da Matriz, transcrevo aqui a ata desse significativo encontro:  “Nesta  freguesia de N. S. das Dores do Rio Verde, achando-se em Assembleia Popular reunida uma parte de seus habitantes a bem de deliberar os meios de promover a ereção de uma Matriz à mesma Senhora, deliberou a mesma Assembleia que se promovesse uma subscrição voluntária para com o produto dar-se começo à projetada obra e a referida Assembleia deliberou igualmente que se nomeasse uma comissão encarregada de dar andamento a todos os projetos: Cap. José Joaquim Leão, Joaquim Valeriano da Silveira Leão e Francisco Xavier de Campos Pires. Foi nomeado secretário, que escrevesse todos os papéis, o sr.  Francisco Gomes Machado”.

Exatamente um mês depois, na data de 15 de maio de 1865, foi realizado a segunda reunião, da qual foram nomeados os membros da Corporação União Rioverdense, objetivando o andamento da construção da Matriz, foram eles: Vigário Serafim José da Silva, Cap. José Joaquim Leão, Joaquim Valeriano da Silveira Leão, Cap. José Caetano de Carvalho, Modesto Antônio Leão, Filisbino Coelho de Moraes, João Antônio da Silveira Leão, Jerônimo Coelho de Moraes, Francisco Xavier de Campos Pires, Ten. Francisco Joaquim de Paiva, Francisco Gomes Machado e Joaquim Teixeira de Carvalho”.

No livro Rio Verde Histórico, importantíssima obra do Advogado Onaldo Campos, que definitivamente resgatou os aspectos históricos de Rio Verde-GO, nos presenteando de modo precursor, impossível não mencionar seus registros, às páginas 63 e 64, transcrevo:  “Em meados daquele ano, entre agosto e outubro (1865), inauguraram com toda a solenidade a Casa de Deus. Como na época só havia a rua do Comércio, compreendendo o trecho entre o Córrego do Sapo, rumo à antiga chácara de José Sérgio, até o começo da Rua Urcezino Gusmão, próximo à cadeia local, com palhoças espaçadas e em ruinas, o edifício religioso ficava no alto da colina.  Na Igreja, coberta de palha e construída de pau-a-pique, não havia bancos; assentava-se no chão. Os mais ricos levavam almofadas.  Em 1875, uma comissão foi encarregada da construção de novo templo, porém, como os materiais e o dinheiro obtidos eram insuficientes, fez a comissão representar-se perante o Presidente da Província, pondo o problema e sugerindo fossem os recursos existentes aplicados à reconstrução da antiga Matriz, pedindo fosse incumbido da tarefa o Major José Vicente da Silva. Os cidadãos Joaquim Valeriano da Silveira Leão, seu irmão José Joaquim Leão e Antônio Soares da Silva, reuniram-se, no entanto, e deliberaram construir nova Igreja Matriz às suas expensas. A obra estava bem adiantada e ainda lhes restavam a importância de 600$000; mas julgaram-na insuficiente.  Dirigiram-se então ao Governo da Província pedindo auxílio”.   

Prossegue na mencionada obra, nas páginas 64 e 65: “ INFORMAÇÃO DO PE. SERAFIM – Em 20 de dezembro de 1869, o Pe. Serafim escreve ao Ilmo. E Revmo. Sr. José Maria Serra Dourada, M.D. Secretário do Bispado, respondendo a uma portaria deste prelado, o seguinte: “Em resposta à Portaria da Secretaria do Bispado de 8 de fevereiro deste ano, cuja ordem respondo:  Quanto ao 1º art.  não existe nesta freguesia, nem um outro sacerdote além do vigário. 2º, o nome desta freguesia é de N. S. das Dores do Rio Verde; sua criação foi por lei Provincial nº 6, de 5 de agosto de 1848, desmembrada da de São Francisco de Alpes de Anicuns. Posição topográfica:  a Matriz está colocada sobre uma colina de campos baixa tendo a frente pelo lado direito seis léguas à margem do Rio Doce, e do esquerdo dez (10) léguas à margem do Rio Verde.  O nome do Vigário Serafim José da Silva. Vigário nomeado por carta Imperial de 7 de novembro de 1856; tomou posse no dia dois de maio de 1857, filho legítimo de Joaquim Gomes da Silva e de sua mulher Anna Raimunda da Penha, de idade de 55 anos, ordenado canonicamente em 1838 na sede do Bispado de Goiás até o Presbítero a 14 de maio pelo seu respectivo Prelado o Exmo. Sr. Don Francisco Ferreira de Azevedo. Existe um cemitério na distância de 17 léguas em começo a tempos. O patrimônio da Freguesia é na distância de uma légua águas vertentes do Ribeirão de S. Tomás e este para o Rio Verde.  Este patrimônio foi doado por José Rodrigues de Mendonça e por Joaquim José da Silva Prata, não existe oratório algum doado a N. S. das Dores. Não existe nesta freguesia missionário e nem missão, também não existe confrarias e nem bens pertencentes à mesma. Rio Verde, 30 de dezembro de 1869”. 



Como vimos, era vigário de N. S. das Dores do Rio Verde o padre Serafim José da Silva - o primeiro em Rio Verde, nomeado por carta imperial até sua morte em 7 de novembro de 1885. Sobre ele, publicou o Correio Official de Goyaz os seguintes ofícios:

1870 – “Provisão concedendo ao reverendo vigário da freguesia do Rio Verde Serafim José da Silva licença para que possa ter oratório em sua fazenda denominada Paraíso, por tempo de três anos, se antes não mandar-se o contrário, nele celebrar o santo sacrifício da missa, e administrar os sacramentos aos paroquianos, que por muito pobres não podem ir à matriz, exceto nos domingos e dias santos em que é obrigado a ir celebrar na Igreja”.   - Publicado no Correio Official de Goyaz – Ano 1870/Edição 322. 



1871 – “Comunicando que por despacho de 15 do corrente, concedeu ao Revd. vigário da freguesia do Rio Verde, Serafim José da Silva, três meses de licença para tratar de sua saúde nesta capital”. - Correio Official de Goyaz – Ano 1871/Edição 367. 



1871 – “Ao provisor vigário geral do bispado. – Acusando a recepção do seu ofício de 8 do corrente em que participa que a 7 prorrogara por mais três meses a licença concedida ao vigário da paróquia do Rio Verde Padre Serafim José da Silva para tratar de sua saúde onde lhe convier, visto continuar ainda doente, diz que, inteirado de tudo, a vista da terminante disposição do aviso do ministério do império nº 350 de 4 de agosto de 1869, deixa de comunicar à tesouraria de fazenda a prorrogação da dita licença”. - Correio Official de Goyaz – Ano 1871/Edição 378.



1871 – “Dizendo em resposta ao seu ofício desta data nº 189 que deve mandar pagar ao vigário colado da paróquia do Rio Verde Padre Serafim José da Silva a côngrua correspondente aos três meses de licença contados de 15 de abril último em diante, pois que a ela tem direito, não obstante a falta de declaração expressa em suas petições de que trata a informação do chefe da 1ª secção, que acompanhou aquele seu ofício, que o fato de declarar a petição que era para tratar de sua saúde e a comunicação a essa repartição equivalem ou vencem aquela declaração, que o direito à côngrua nos três meses de licença é tão incontestável que agora mesmo, requerendo e obtendo o referido pároco mais três meses de licença do poder eclesiástico, se mandou que fosse observado, porém, sem vencimento, o qual não pode conceder por mais de três meses”.    - Correio Official de Goyaz – Ano 1871/Edição 379.   



(1872) – “Ao Exmo. Bispo diocesano – Acusando a recepção de seu ofício de 6 do corrente, em que participa ter naquela data prorrogado por mais dois meses a licença concedida ao vigário colado da paróquia do Rio Verde, Serafim José da Silva, para tratar de sua saúde fora da mesma paróquia”. - Correio Official de Goyaz – Data da publicação: 18 de maio de 1872/Edição 420.



(1872) – “Ao Exmo. Bispo diocesano – Acusando a recepção de seu ofício de ontem, em que comunica ter por ato de 27 do corrente, nomeado o vigário colado da freguesia do Curralinho, padre Luiz Antônio da Fonseca, visitador das freguesias do Rio Claro, Rio Verde, Rio Bonito e Jataí, pelo tempo que for necessário para visitá-las este ano. - Correio Official de Goyaz – Data da publicação: 25 de maio de 1872/Edição 421. 
 
 

(1872) - – “Ao Exmo. Bispo diocesano – Que o Revd. vigário da paróquia de Dores do Rio Verde Serafim José da Silva, que se achava no gozo de licença para tratar de sua saúde, assumirá o exercício de seu ministério a 15 de junho findo. - Correio Official de Goyaz – Data da publicação: 24 de agosto de 1872/Edição 434.




CEMITÉRIO


Se focarmos somente nas proximidades que compreende entre a Igreja de São Sebastião e o Palácio da Intendência, no centro, não é novidade que ao longo de sua história, abrigou o primeiro cemitério de Rio Verde, que foi construído ao lado da Igreja de Nossa Senhora das Dores. Segundo escreveu Oscar Cunha Neto em seu livro Rio Verde Apontamentos para a sua história, página 399: “O primeiro, localizava-se ao lado da Igreja N. Sra. das Dores, depois São Vicente. Ali foram sepultadas dezenas de pessoas, inclusive, um soldado da Guerra do Paraguai. Esse cemitério era cercado com fios de arame e que servia para os fazendeiros empastar os seus animais de cela. O segundo cemitério situava-se ao fundo da mencionada Igreja. (...).  Ainda na obra citada, página 288, vemos: “(...) até 1874, quando, com a ajuda do povo, o Major José Vicente da Silva, providenciou a construção do que ainda hoje, depois de várias vezes ampliado, é o Cemitério Municipal”. Relacionado a este, é importante aqui transcrever, notas extraídas do livro Rio Verde Histórico,  do autor Onaldo Campos, na página de número 67, encontramos: “O Pe. Serafim fala de um cemitério em construção há tempo, distante desta cidade 17 léguas. Não soubemos localizar tal cemitério; cremos, entretanto, seja um que existia perto onde se acha a fazenda do Mestre Alexandre. Em 1886, cogitaram de erguer um novo, tendo sido, em 22 de agosto, realizada uma reunião cuja ata é a seguinte: “Achando-se o cemitério desta freguesia em construção, não havendo dinheiro para continuar a obra aliás muito necessária, por iniciativa do ilustre major José Vicente da Silva, o vigário encarregado da freguesia, na missa paroquial, chamou a atenção do povo para esta obra e no dia 13 e 17 de agosto, acompanhado de muitos cidadãos influentes do lugar percorreu as ruas da vila, pedindo esmolas para dito fim em cuja empresa obteve a quantia de trezentos e oito mil réis, e mais um pequeno alfinete de ouro, que tudo entregou ao Ilmo. Sr. Major José Vicente da Silva, o qual com toda a caridade e zelo se encarrega da construção da dita obra”.  No mencionado livro, à página 110, relata, sob a intendência do ten. Antônio de Paiva Cabral, o seguinte:  “Em 28 de fevereiro de 1903, foi votada a lei em que “fica criado o imposto de 2$000 sobre cada cidadão maior de vinte anos, residente no município, que será aplicado exclusivamente na reconstrução do cemitério municipal”.  Continuando, na página 111, na intendência do major Frederico Gonzaga Jayme, no tocante ao cemitério, foram praticados os seguintes atos: “ Em 27 de janeiro de 1904, Joaquim Rodrigues de Abreu entra com um pedido, no qual pede o pagamento de 532$350, inclusive juros de 1% ao mês em 17  meses, quantia que foi despendida com as obras do cemitério municipal.  (...)  Em 1907, o sr. Félix Tófani fecha, a muro, o atual cemitério, (antes era cercado de arame farpado)”.

Pedro Salazar Moscoso da Veiga Pessoa, em sua Revista de Rio Verde, publicada em julho de 1911, fez a seguinte citação: “É digno de menção o Cemitério Municipal construído na administração do distinto major Frederico Gonzaga Jayme, onde o capricho e o cuidado compatíveis com a sagrada mansão dos mortos, não tem faltado desde a sua inauguração até o presente, as vistas solícitas da administração municipal”.   Por Aires Humberto Freitas.
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