FAMÍLIA PIONEIRA
Por Aires Humberto Freitas
Pelos idos de 1840, chega as
extensões do Rio Verde, vindo de Casa Branca, província e bispado de São Paulo,
o mineiro José Rodrigues de Mendonça, com sua esposa e filhos, motivado com as
medidas de incentivo à colonização do Sudoeste Goiano. A carta de Lei nº 11 de
5 de setembro de 1838, fixada pelo Governo Provincial, determinava aos
habitantes do território entre o Rio Verde além do Turvo, a isenção de
pagamento de impostos (Dízimos de Miunças, e de gado vacum, e cavalar) por dez
anos . Com esse encorajamento dado, iniciou-se, então, a ocupação em massa das
terras, formado em grande maioria, com pessoas vindas de Minas Gerais, que
trouxeram ao lado de uma abundante pecuária, uma elementar cultura de arroz,
feijão, milho e mandioca.
A família pioneira apossou-se de
vasta extensão de terras (que formaram as fazendas de São Tomás, Pindaíba,
Bauzinho, Paraiso do Rio Preto, Monte Alegre, Confusão, Aterradinho e
Cabeleira). Estabeleceu-se, porém, em
São Tomás, próximo ao rio do mesmo nome, a cerca de seis léguas de distância do
local onde se encontra a cidade. Todas
as propriedades rurais foram inscritas, por Decreto Imperial, nos Registros Paroquiais
de Terras da Freguesia das Dores do Rio Verde. A Fazenda São Tomás foi
registrada sob o número um em 5 de outubro de 1856, com mais ou menos sete
sesmarias de extensão, de propriedade de José Rodrigues de Mendonça, adquirida
por posse. Foi dividida em 1904.
DOAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS DORES
Em 25 de agosto de 1846, José Rodrigues de
Mendonça e sua mulher, dona Florentina Cláudia de São Bernardo, doam sorte de
terras da Fazenda São Tomás a Nossa Senhora das Dores, para a formação de seu
patrimônio e construção da Capela.
Quatro meses depois, Joaquim José da Silva Prata e sua esposa, dona Anna
Joaquina de São José, também doaram parte de terras da Fazenda Lages ao
patrimônio da Igreja. Ocasião em que Rio
Verde estava subordinado à Freguesia de São Francisco de Anicuns.
Proveniente de Uberaba, a família
Silva Prata chegou em 1845, chefiada por Manoel Joaquim da Silva Prata (casado
com Laura Ferreira dos Santos, e falecido em Uberaba, em 11 de agosto de 1905,
na idade de 97 anos), Joaquim José da Silva Prata (tendo casado com Anna Cândida
Vilela) e Francisco José da Silva Prata, naturais de Itapecerica.
Há registro de um donativo por
escritura particular em 6 de junho de 1885, quando Honorato Rodrigues de
Mendonça e sua esposa, dona Secundina Francisca da Silva ofereceram a Nossa
Senhora das Dores do Rio Verde uma porção de terras no sítio Córrego Fundo, na
fazenda “São Tomás”.
FALECIMENTO DE DONA FLORENTINA
O advogado e escritor Onaldo
Campos, em seu livro Rio Verde Histórico – Aspectos Históricos de Rio Verde
(GOIÁS), impresso no ano de 1971 na Gráfica e Editora EDIGRAF S.A. São Paulo – Brasil, narra - nos o seguinte:
“A 16 de janeiro de 1858, falece d. Florentina Cláudia de São Bernardo,
deixando as fazendas São Tomás e Cabeleira, esta de campos e matos, cercada de
serras, com 3 léguas de comprido e uma de largura. E os seguintes bens: 17
enxadas, avaliadas por 18$800; 18 foices, por 54$000; 23 machados, por 50$000,
4 cavaduras; 4 cunhas; uma tenda de carpinteiro; 9 armas de fogo; 130 oitavas
de prata (equivalentes a 466,180 gramas, ou 3,586 g. cada uma), avaliadas a 200
réis cada, num total de 32$000; 9 pares de colheres de prata, por 50$000; e
400$000 em dinheiro; os seguintes animais: 24 bois carreiros, 4 bois, 16
novilhas de 3 anos, 64 de 2 anos, 43 de um ano, 50 vacas paridas, 200
solteiras, 26 marruases, 10 cavalos, 30 éguas; e 16 escravos e 9 escravas
(estes eram considerados semoventes)”.
Esses instrumentos revelam a
época: a rusticidade, a agressividade. Vejam que o número de instrumentos para
a derrubada era grande; a arma de fogo era indispensável. O rebanho era talvez
dos maiores da região ou da província: 467 cabeças, quando a exportação para
São Paulo e Minas Gerais, na época, não ultrapassava de 3.000 bois. Entre as
novilhas estão incluídos os machos e as fêmeas.
FALECIMENTO DE JOSÉ RODRIGUES DE MENDONÇA
O cônjuge supérstite ficou viúvo
por largo tempo. Finalmente, a 25 de junho de 1866, casou-se, pela segunda vez.
É o seguinte o teor do assento de casamento: “Com as testemunhas João Antônio
da Silveira Leão e Maria Joaquina da Conceição, casaram-se José Rodrigues de
Mendonça, viúvo, com a idade de 80 anos, filho de José Rodrigues de Souza e
Anna Pereira, com Cândida Francisca da Silva, com 22 anos, filha de João
Ferreira Pinto e de Clemência Maria dos Reis”.
A 19 de dezembro de 1869,
faleceu, com a idade de 83 anos, José Rodrigues de Mendonça, deixando 4 filhos,
17 netos e 2 bisnetos e os seguintes bens: “uma casa de capim na vila de Rio
Verde, um sítio na fazenda “São Tomás” e uma fazenda do mesmo nome” . – Rio
Verde Histórico, págs 16 e 17.